12 fevereiro 2006

Para reflectir

Paulo Azevedo, filho de Belmiro Azevedo, deu uma entrevista à Visão que merece uma leitura, porque dela emanam algumas ideias interessantes e que merecem reflexão. Pela concordância ou para serem contrariadas.
Três ideias sobre Porto, Norte, regionalização, o que seja...

- E vê uma metrópole dinâmica no Porto?
- Não. O Porto podia ter-se desenvolvido muito mais nos últimos dez anos e uma das razões para que isso não acontecesse - não a única seguramente - foi não ter uma forte actividade de comunicação social de dimensão nacional ou regional. Porque esta mexe com muitos serviços e com o conhecimento agregado. Tem um duplo efeito: o de melhorar a qualidade das decisões e do conhecimento, a consciência colectiva sobre os assuntos; e do ponto de vista económico, é um dinamizador importante: não se fazem empresas regionais se não houver maneira de comunicar produtos de forma regional. E uma empresa, depois de ser local e antes de ser nacional, tem de ser regional. Esse passo é muito mais difícil se não houver meios regionais.


É um regionalista?
[Silêncio]. Não me identifico com as pessoas que fazem discursos ditos regionalistas. Mas acho que Portugal, e Lisboa, seriam melhores se houvesse mais centros dinâmicos, não só no Porto como noutros locais. O Porto, que tem mais de um milhão de pessoas, é quase da dimensão de Lisboa. E Lisboa será tão mais importante quanto o resto do País for importante. Nesse sentido, as coisas não têm funcionado bem, tem-se feito uma centralização excessiva em Lisboa.


E não está convencido [OTA e TGV]?
Não. E tenho mais dificuldade em perceber o TGV e ainda mais dificuldade em perceber a linha Lisboa-Madrid. E não é por razões regionalistas ou bairristas. É porque eu não vejo nenhuma utilidade na linha. Acho que se aquilo custar cinco mil milhões, no dia seguinte o País está cinco mil milhões mais pobre. Não é mais fácil ir de Lisboa para Madrid de TGV do que de avião. Não há sítios intermédios, não é mais barato. Uma eventual linha Lisboa-Porto [suspiro]? não sei. Acho que Lisboa-Porto, se não houvesse a linha que há e se não se tivesse investido tanto dinheiro, era quase um caso ideal para uma linha de alta velocidade: são duas cidades importantes a 300 quilómetros de distância, com uma ou duas cidades relevantes a meio. Mas é preciso fazer contas. Pode ser importante, mas pode não valer o dinheiro todo.

Em termos gerais, estou de acordo e penso que as palavras do filho do homem da SONAE merecem ser discutidas.

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